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28 de jul. de 2013

Uma questão de Amizade (Discipulado)

“Por isso, eu lhes digo: Usem a riqueza deste mundo ímpio para ganhar amigos, de forma que, quando ela acabar, estes os recebam nas moradas eternas”. Lucas 16.9

A Igreja é caracterizada pelo relacionamento entre seus membros.

Isso é reflexo do caráter de seu fundador, que é um caráter de relacionamento, de amizade. Deus é um Deus de relacionamentos. Ele não necessitava nos criar, mas decidiu fazê-lo. Desde o princípio Deus quis andar em amizade com o homem, mas o pecado cortou essa amizade, e criou a inimizade entre o homem e Deus e entre o homem e o seu semelhante. Quando Jesus Cristo morreu na cruz desfez as inimizades. (Lc 16:9, Ef 2:15). Quantos amigos fizemos neste ano? Quantos perdemos ou não cultivamos? A Igreja é um lugar de amizades profundas e também divertidas (Entre homens e mulheres). É o lugar onde Deus nos coloca para andar em amizades sólidas e leais. Essas amizades são ferramentas de Deus para nos aperfeiçoar. (Pv 27:17)

É impossível ao cristão aperfeiçoar-se sem a Igreja, sem a ajuda de seus irmãos. 

(Pv 27: 5) É na Igreja que conhecemos o cuidado de Deus, e recebemos a saúde do Corpo de Cristo através de nossos irmãos, conhecemos os Natãs que, com coragem e amor, apontam os nossos erros, nossos pecados e nos dão a chance de consertar e arrepender.

A Igreja não é um espaço onde recebemos sem dar.

Não é um lugar no qual somos supridos em nossa necessidade intelectual. A igreja é a família de Deus e isso quer dizer que a alma é uma só, que o coração é um só e que a vida do Espírito Santo flui nos relacionamentos, permitindo que a vida de Cristo toque em cada um e o mundo reconheça que Jesus foi mandado por Deus. (Pv 17:17 | Jó 6: 14)

A amizade não é a qualquer preço.

Ela precisa ser santa (Mas sem temor legalista), nascer no coração de Deus. (Sl 16:3) Se a amizade não se situa ao redor de Jesus, não vale a pena ser mantida, pois somente a amizade produzida pelo Espírito Santo é eterna e trás benefícios. (Ex 32:27 | Dt 13:6 | 1Co 5:11 | Ef 5:6) Deus deve ser o eixo dos nossos relacionamentos, que tem que ser santos, como o Senhor é santo. Infelizmente, a tendência dos relacionamentos, quando perdem a referência do Senhor e Sua santidade, é perder o nível de respeito, de honra e de pureza. A princípios somos respeitáveis e respeitadores, mas depois somos permissivos, corruptos e corruptores. Corrompemos e somos corrompidos.

A amizade tem que ajudar os outros.

Não pode se tornar uma panela fechada, onde outros não podem entrar. Deve ser uma relação inclusiva que traz graça ao seu redor. As nossas amizades tem que produzir frutos eternos para nós e para outros. No contexto de Lc 16:9 o Senhor aponta para o lucro que temos com as coisas que ajuntamos. Se ajuntamos coisas materiais, não teremos a possibilidade de receber os frutos disso na eternidade, mas se usarmos as coisas dessa vida para levar amigos para o Reino de Deus, eles nos receberão na eternidade futura.
As riquezas atuais são extremamente injustas por causa da má distribuição, por causa de origens duvidosas, por causa das contaminações havidas no seu trajeto. Enfim, precisam ser santificadas ao chegar às nossas mãos. São riquezas de origem injusta. O ensino de Jesus é que as riquezas não podem ser usadas para o meu próprio beneficio, mas para trazer pessoas para o Reino de Deus, para o suprimento de outros e para a alegria do meu próximo. (Ef 4:28; Ec 4:8) As parábolas relatadas em Lucas 15 mostram isso. (Lc 15:6, 9, 23)

A amizade revela os corações.

 Os amigos são abertos entre si. Falam de suas aspirações, seus medos, seus planos e, por isso, a amizade provê ajuda e proteção. A transparência revela a amizade que existe. Quanto maior for a amizade, maior será a transparência. (Jo 15:15; Ex 33:11) Não se deve esperar uma amizade sem decepções, sem desilusões. Enquanto formos amigos de pessoas iguais a nós, débeis, e inconstantes, vamos estar sujeitos a traumas produzidos por incidentes nos relacionamentos. (Sl 41:9; Zc 13:6)
Também pode acontecer de termos “amigos” somente nas horas que podemos dar alguma coisa.

Depois disso, nos deixam, assim como fizeram a Jesus quando multiplicou os pães (Jo5) (Pv 19:6). De qualquer maneira precisamos estar cientes que as amizades são provadas pelas circunstâncias e pelos acontecimentos. Nenhuma amizade fica sem prova. (Pr 17:17 Jo 11:16) A coisa mais lucrativa, de maior futuro para nós é fazer amigos. Tudo o que temos deve ser investido no empreendimento de granjear e manter amigos, fazer amizades. A igreja é formada por amigos. Refiro-me a amizades que glorificam ao Senhor, que visam em última instância, a glória de Deus. Se não temos e mantemos as amizades, somos meros empresários de um negócio religioso ao qual indevidamente chamamos, de igreja. Na Igreja é onde estão os verdadeiros amigos. Precisamos de amizades sólidas e profundas às quais podemos recorrer nos momentos de aflição e que nos alegram e nos fazem rir nos momentos de descontração. Precisamos de amigos que sentimos saudades quando ausentes; que nos atraem para mais perto de Deus e que nos desafiam a sermos santos.

No amor de Cristo, Luiz Fernando Werneck.

21 de jul. de 2013

“Disciplina na igreja? Pra quê?”


Certa vez assisti a um vídeo em que o pastor entrevistado dizia que a igreja leva muito a sério os pecados sexuais porque faz vista grossa para outros pecados, visto que é fácil enquadrar alguém no pecado sexual, o que é mais difícil quando se trata de pecados como o orgulho, a avareza ou a maledicência. Quase na mesma época em que assisti esse vídeo, também li um texto em que o autor questionava a razão pela qual pastores são afastados do púlpito por causa de adultério, mas não são por pecados como a mentira. Por isso, decidi repartir com vocês algumas reflexões sobre o tema disciplina ma igreja.
Deus corrige seus filhos para que estes sejam participantes de Sua santidade (Hb. 12:10). E nós recebemos de Deus o dever de cooperarmos com a santidade uns dos outros (Gl. 6:1; Hb. 3:13; Hb, 10:25). Essa terefa é exercida pela prática das mutualidades (exortai-vos, admoestai-vos etc.) e de outras ações disciplinares. Não podemos fugir de textos como o de Gálatas 6:1
“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado”.
E o propósito dessa correção é a restauração de quem pecou, e sempre deve ser movida e envolvida no amor.
“Disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (II Tm. 2:25,26).
O Novo Testamento é claro em ensinar sobre a ação disciplinar da Igreja. Em Mateus 18:15-17, Jesus nos instrui em como tratar o irmão que peca contra nós:
“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão …”.
Em I Coríntios 5, Paulo dá instruções àquela Igreja de como tratar uma grave situação de ordem sexual: “Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. (…) que o autor de tal infâmia seja (…) entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor”.
Já na Igreja em Tessalônica o problema era com o pessoal que não queria trabalhar. Neste caso Paulo também dá orientações claras: “Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente (…) Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. (…) se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão” (II Ts. 3:6-15).
Para Timóteo, Paulo fala sobre a disciplina de presbíteros (pastores): “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra (…) Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor” (I Tm. 5:17-20).
À luz do Novo Testamento e através de pessoas comprometidas com santidade da Igreja, tenho aprendido que a Igreja, em sua ação disciplinar, deve sempre observar ao menos quatro aspectos, a fim de atuar de forma que realmente coopere com o arrependimento e restauração de seus membros. Segue abaixo quaatro perguntas básicas a se fazer antes de disciplinar alguém:

1. Quem pecou?
Já que ”àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc. 12:48), o pecado de um novo convertido não deve ser tratado da mesma forma que o de um pastor. Como já foi citado, Paulo dá a Timóteo orientações específicas sobre a disciplina de pastores.
Espera-se que os pastores sejam modelos do rebanho (I Pe. 5:1-3). Isso não quer dizer que eles sejam perfeitos e imunes ao pecado, mas significa que devem ser modelos de vida até mesmo no momento de se arrepender e corrigir seus erros. As ovelhas precisam de exemplo de gente que se humilha, admite seus pecados e se arrepende. A respeito desse tema, quero citar a experiência que Sérgio R. Franco relata em seu livro “Perdão e Purificação” [1]. Franco é pastor e compõe o presbitério de uma comunidade na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em seu livro, ele relata que foi a primeira pessoa a ser disciplinada nessa comunidade, tendo sido exposto publicamente. Contudo suas disciplinas fizeram com que o rebanho ficasse ainda mais próximo e lhe conferiram maior autoridade para tratar do tema na vida dos discípulos.

2. Qual pecado?
Não existe pecadinho, pecado e pecadão. Qualquer pecado é grave o suficiente para nos levar ao inferno. Por isso todo pecado deve ser tratado com seriedade. Em minha experiência de vida em comunidade tenho conhecido casos de disciplina por preguiça, fofoca, ira, desordem financeira, distância em relação à família etc.. Sei que muitos não levam a sério esses assuntos, mas felizmente tenho conhecido gente que trata desses temas com a devida seriedade, e tenho visto os bons resultados dessa atitude.
Todos os pecados devem ser tratados com seriedade. Mas há um texto bíblico que nos aponta para uma distinção entre pecados cometidos fora do corpo e pecados cometidos contra o corpo: “Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (I Co. 6:18-20). Portanto, à luz desse texto e das complicadas experiências humanas na área da sexualidade, penso que pecados de ordem sexual precisam receber um tratamento específico, que nunca deve consistir em acusação (como se esse pecado fosse pior do que os outros), mas sempre ser uma busca por resgate e libertação.

3. Como veio à luz?
É evidente que há distinção quando a confissão é confissão voluntária e imediata, no cumprimento de Tiago 5:16 (“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros”), ou quando o pecado é descoberto. Também é diferente se o pecado é confessado ou descoberto. Essa é uma questão que precisa ser observada, pois quem confessa seu pecado demostra que quer ajuda.

4. Há reincidência?
Como o arrependimento tem seus frutos, devemos considerar se há uma prática reincidente do pecado. O arrependimento genuíno se traduz numa mudança de atitude.
Com essas reflexões não pretendo esgotar o assunto. Mas desejo apenas que pensemos sobre o tema à luz das Escrituras, mantendo sempre o foco naquilo que é o projeto de Deus: fazer de nós uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus. Para isso, precisamos estar comprometidos em, primeiramente, olhar para nós mesmos, arrancando as traves dos nossos olhos, para então podermos olhar bem e ajudar os nossos irmãos a tirarem os argueiros de seus olhos. Não podemos negligenciar o cuidado mútuo.
Em Cristo,

13 de jul. de 2013

Pecado ou Doença?

Cada dia que passa, eu me convenço que o mundo moderno ou pós-moderno está batizando os pecados com outros nomes. Eu até entendo o “engano do eufemismo”, como por exemplo, chamar o roubo dos funcionários públicos de “improbidade administrativa”. Com certeza o caloteiro ficará menos magoado se você o tratar como “inadimplente”, mesmo que esta palavra não faça parte do dicionário convencional. A coisa está se degenerando cada vez mais e penso que a igreja deve estar atenta.
Tenho observado que alguns pecados, além de ganharem nomes mais “fofinhos”, estão sendo tratados como enfermidades. Estou convencido que este é o golpe fatal que pode afastar um cristão da libertação. Pois se a libertação passa pela confissão e pela disciplina, como alguém que crê que está doente, confessará o seu pecado ou receberá uma disciplina?

“Quanto ao perverso, as suas iniqüidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido. Ele morrerá pela falta de disciplina, e, pela sua muita loucura, perdido, cambaleia” (Pv. 5:22, 23).

“Disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (II Tm. 2:25, 26).

“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv. 28:13).

“Confessem, pois, os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para serem curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” ( Tg. 5:16).

Recentemente escrevi, no post “Os inimigos estão entre nós”, um pouco sobre a gula. Sei que nem todos concordam com o que escrevi. E isso ocorre porque a maioria que come muito pensa que está enfermo. Certa vez, um professor disse que existem dois tipos de gula: a biológica – que derivaria de uma disfunção do organismo, um “transtorno do comer compulsivo” –, e a gula filosófica ou espiritual, que é a pior, pois deriva de uma opção – “a opção pelo ventre”. “O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas.” (Fp. 3.19).
Eu tenho cuidado com este tipo de distinção, e quando a gula é tratada como uma compulsão, uma doença.

Provavelmente você já deve ter visto reportagens ou pesquisas que falam sobre os “compulsivos por sexo”, “compulsivos por drogas”, “compulsivos por álcool”, etc. Se eu cresse nisso eu jamais teria confessado os meus pecados sexuais, meus adultérios. Se fosse doença eu não poderia me arrepender das drogas, da cachaça, etc. Eu sei que o pecado adoece, mas chamar pecado de doença é perigoso, pois eu deixo de ser responsável pelos meus atos e me torno vítima deles. Além disso, com este sofisma na mente eu abandono o temor do Senhor. Como Deus me julgará se estou doente? Ele não pode julgar um doente que precisa de cura. Este engano engrossa as fileiras da falsa graça. Eu até imagino alguém me dizendo: “Franco, você está exagerando, pois Jesus não veio julgar o mundo e sim salvá-lo”. É certo que eu responderia: “que Ele (Jesus) também disse que a própria Palavra nos julgará”.

“Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (Jo. 12:47, 48).

O apóstolo da graça foi enfático:

“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gl. 5:19-21).

A pergunta que não quer calar é a seguinte: Doença ou pecado? Dizer que algumas doenças são provenientes do pecado eu concordo, mas chamar pecado de doença é mais do que uma armadilha, é um pecado, é fazer o cego errar o caminho. Estou certo que este equívoco é uma manobra humanista para que o pecador fique numa condição confortável com o seu pecado.
Que o Senhor tenha misericórdia de nós.

No amor do Senhor Jesus,

11 de jul. de 2013

Super Nanny, Jesus e a Igreja.


Já faz um bom tempo que, numa reunião com alguns irmãos em minha casa,  meu amigo Elio contava que no programa SuperNanny (onde a apresentadora visita famílias dando orientações sobre criação de filhos) estava sendo exibido o caso de uma família em que uma das causas do mau comportamento das crianças era a distancianciamento do pai. Depois de passar o dia inteiro trabalhando, o pouco tempo que o pai tinha à noite dedicava à reuniões da igreja. Daí, Breno percebeu que se tratava de uma família cristã, ou, no mínimo religiosa.
No decorrer do programa, a apresentadora se reuniu com os pais e os repreendeu, mostrando a importância de passarem tempo com os filhos. Assim que Breno me contou isso, me enchi de tristeza pois, mesmo que os pais tenham recebido a lição, as coisas não ocorreram como deveria: a Igreja ensinando como se deve viver. Com a Igreja deveríamos aprender a ser bons pais. É com a família de Deus que devemos aprender a ser bons maridos, boas esposas, bons filhos, bons patrões ou empregados etc… É com igreja que a gente deve aprender a ser gente melhor.
Por que isso deve ser aprendido com a Igreja??
Porque nela é que deveríamos encontrar exemplos e modelos de como viver. Afinal, a Grande Comisssão de Mt. 28:18-20 nos diz que os discípulos devem ser ensinados a guardar tudo o que Jesus ordenou. O texto não diz que eles devem ser apenas ensinados. Para isso bastaria algumas aulas ou um bom programa de leitura do Novo testamento. O texto diz “ensinar a guardar”. Isso é diferente. Ensinar a guardar é ensinar a observar, a praticar. Para isso, a primeira coisa necessária é o exemplo, o modelo. Nós aprendemos a guardar, vendo. É por isso que, quando o assunto é vida cristã, Paulo chama tanta atenção para si: “Sejam meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (I Co. 11:1).
É por isso que Pedro exorta aos pastores a serem modelos para o rebanho (I Pe. 5:1-3). É por isso que o autor da carta aos Hebreus nos anima a imitar a fé de nossos pastores (Hb. 13:7). E é por isso que o próprio Senhor chama seus seguidores de Luz do mundo (Mt. 5:14). Deveríamos ser referência para o mundo de como se deve viver, de tal modo que os homens olhariam para as nossas obras e glorificariam a Deus, ou seja, atribuiriam nossas obras à ação de Deus.
Além disso, é na Igreja que deveríamos encontrar o amparo e suporte necessário para semos pessoas melhores, através da prática das mutualidades:“confessai vossos pecados uns aos outros” (Tg. 5:16); “Consolem-se uns aos outros e edifiquem-se reciprocamente” (I Ts. 5:11); “sujeitem-se uns aos outros no temor de Cristo” (Ef. 21); “Consideremos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (Hb. 10:24);“exortem-se mutuamente cada dia (Hb. 3:13); etc…
Ainda que aqueles pais do programa SuperNanny tenham se tornado pais melhores, quem ver isso não atribuirá a Deus, mas a um programa de TV.
Que a Igreja acorde e assuma seu papel de expressar Jesus. Que todo crente tenha condições de dizer: “anda comigo que você vai ver Jesus”. E, quando vier a errar, que continue expressando Jesus ao se humilhar para corrigir seus erros e pedir perdão.
E então, você abraça o desafio?

Do jeito que o diabo gosta

“Jesus virou-se e disse a Pedro: “Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, e não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens” (Mt. 16:23).
Nem todos prestam a devida atenção ao que Jesus disse no texto acima: Satanás pensa nas coisas dos homens. Jesus não disse que Satanás pensa nas coisas do inferno, ou nas coisas explicitamente demoníacas. Ele simplesmente pensa nas coisas dos homens. E a ação do diabo sobre o homem consiste em fazê-lo pensar a existência, a vida e sua conduta a partir de si mesmo, e não a partir de Deus. Para ele é suficiente que o homem enxergue as coisas através da ótica humana, afastando-se da ótica divina. Assim, o diabo alcança seu intento, sem necessariamente nos levar à imoralidade ou nos transformar em satanistas ou outra coisa do gênero.
O que Pedro disse a Jesus no texto citado? Aos nossos olhos, nada de mais. Jesus estava explicando aos discípulos o quanto sofreria em Jerusalém e que seria morto. Pedro, preocupado em preservar a vida de seu mestre, disse: “Nunca, Senhor! Isso nunca te acontecerá!” (Mt. 16:22). O que há de diabólico nisso? Aparentemente nada. Mas, essencialmente, tudo. Afinal, a cruz era a vontade do Pai para Jesus: “Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim exatamente para isto, para esta hora” (Jo. 12:27). Preservar a própria vida não parecia diabólico. Era apenas um instinto humano. Pedro desejava o bem de Jesus. Contudo, essa atitude consistia em desviar-se da vontade de Deus.
Somos chamados a enxergar a vida pela perspectiva divina. É Ele quem nos diz: “os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos … Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos” (Is. 55:8,9). Ele nos convida a confiar nele, mesmo quando o caminho parece incompreensível, difícil e até mesmo nos custe a nossa vida. Ainda que às vezes seja difícil de entender, não há melhor decisão do que a de confiar na visão do nosso Pai de amor. Entregue-se aos cuidados de Deus e descanse no Seu amor.

“Se não vem pelo amor, vem pela dor”
 Esse é um ditado muito conhecido no meio cristão, e muitas pessoas o usam para fazer referência a sua própria experiência com Deus. Embora tivessem muitas oportunidades de se entregarem ao Senhor, só o fizeram em meio à dor e sofrimento. E é exatamente isso que a referida expressão quer comunicar: se alguém não corresponde espontaneamente ao amor de Deus, corresponderá quando passar pela dor.
Mas, ao longo do tempo, vi que essa frase contém um erro grave, pois à luz das Escrituras, conforme as palavras de Jesus, ninguém vai a Ele por amor, apenas pela dor. Ou seja, somente em meio à dor enxergamos o tamanho do Seu amor e somos atraídos a ele. Afinal, foi isso que Jesus disse: “Não necessitam de médico os saudáveis, mas, sim, os doentes” (Mt. 9:12; Mc. 2:17; Lc. 31).
Segundo essa passagem, somente os que enfrentam dor vão até Jesus. Certamente Jesus não está se referindo à dor física, pois há muitos que sofrem por ela, mas não vão até Jesus. Tampouco Ele está falando da dor sentimental, como aquela que surge da frustração amorosa. Essas dores não são suficientes para que possamos enxergar o amor de Deus. Só enxergamos o tamanho do amor de Deus quando sentimos a dor do pecado, a tristeza por vivermos fora da vontade de Deus, e o quanto não merecemos perdão algum. Foi isso que Jesus disse: “eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento” (Mc. 2:17).
Hoje há multidões que aderem ao Cristianismo, sem experimentarem a dor do pecado, sem convicção de como são merecedoras de morte e castigo eterno. São pessoas que aderem às doutrinas cristãs, sem se converterem de fato, pois a conversão pressupõe arrependimento de um estilo de vida sem Deus. Tal “conversão” trata-se de adesão intelectual à teologia cristã, mas não de conversão a Cristo. E, portanto, tais “cristãos” não são capazes de amar a Deus, pois só o amamos quando temos clara visão de que não merecemos o amor dEle por nós. Afinal, foi Ele que nos amou primeiro (I Jo. 4:19).
Meu desejo e oração são para que Deus opere nos corações de todos aqueles que se declaram cristãos uma profunda convicção de pecado. Pois só assim poderemos enxergar o tamanho do amor de Deus e seu perdão, e poderemos correspondê-lo, amando o Senhor nosso Deus de todo o coração, toda alma, toda força e todo entendimento. Esse é o maior dos mandamentos.